Se a alquimia nasceu na China, 4 séculos antes de nossa era, foi na antiguidade grega e egípcia que ela decolou no ocidente. Foi a versão árabe que dominou a Europa na Idade Média e depois na Renascença. Até o século XVIII, a química e a alquimia estavam interligadas.
Foi somente a partir das grandes descobertas científicas em química que as duas disciplinas se afastaram, separando cada vez mais os fenômenos indiscutíveis, replicáveis e quantificados de uma teoria que ainda não deu, até onde sabemos, qualquer resultado concreto provado. Paracelso, frequentemente citado na lista dos grandes alquimistas, se concentrou no uso médico e no aspecto filosófico desta disciplina. Ele substituiu os 4 elementos por três substâncias: enxofre, mercúrio e sal. Ele comparou o processo de digestão à alquimia, ciência da culinária e da maturação.
Para o alquimista, trata-se de transmutar os metais, de transformar o chumbo ou outros metais "básicos" em metais nobres (ouro, prata),de compor um elixir de longa vida e desenvolver uma panaceia que trataria todas as doenças. A alquimia está ligada à astrologia pelo seu simbolismo. Na verdade, os alquimistas consideram que o sol dá o ouro, a lua dá a prata, Mercúrio dá o mercúrio, Vênus dá o cobre, Marte dá o ferro, Júpiter dá o estanho e Saturno dá o chumbo.
Um dos grandes mistérios da alquimia permanece, até hoje, a natureza e a composição desta famosa pedra filosofal, que supostamente transmuta metais básicos em ouro ou prata. Em 1618, Jean-Baptiste Van Helmont descreve esta pedra de forma misteriosa: "Vi e toquei na pedra filosofal mais de uma vez, a cor era como açafrão em pó, mas era pesada e reluzente como vidro em pó. Este produto, do qual um quarto de grão (13,25 mg) fornece oito onças de ouro (244,72 g),mostra uma energia considerável: cerca de 18.470 vezes a unidade".
As técnicas para alcançar a transmutação são particularmente obscuras, detalham métodos de enorme complexidade e estão sujeitas a infinitas interpretações. A leitura dos tratados de alquimia é um verdadeiro teste de iniciação: os mestres esperavam que seus alunos superassem suas capacidades intelectuais e espirituais para aspirar à iluminação.
No entanto, alguns experimentos alquímicos que permaneceram inexplicáveis por um longo tempo e, portanto, foram considerados "mágicos" podem ser explicados hoje pela química contemporânea. Os alquimistas ajudaram a identificar os ácidos minerais, como o ácido nítrico, o ácido sulfúrico ou o ácido clorídrico. Devemos a eles a água régia, capaz de dissolver ouro, o vitríolo, a água-forte, o espírito-de-sal, o espírito-do-vinho (etanol)... Eles descobriram alguns elementos desconhecidos até então: o antimônio, o arsênico, o bismuto e o fósforo. Eles inventaram compostos químicos originais: o alume, o bórax, o éter, o mínio, os sais de chumbo, o ferro, a prata... Eles experimentaram a fosforescência do sulfeto de bário... Os alquimistas também desenvolveram, durante seus experimentos, novos utensílios e técnicas: cadinhos, retortas, banho-maria, balanças... Eles desenvolveram métodos muito criativos ainda usados hoje: filtração, destilação, combinação de metais, purificação, cristalização, sublimação, metalurgia...
O ouro tratado com mercúrio pode ser confundido com prata ou estanho. O mercúrio, carregado de zinco e cobre vermelho, pode ter a aparência de ouro, e as águas-fortes usadas nas operações continham ouro e prata dissolvidos. Finalmente, hoje, a alquimia pode ser considerada como uma busca pessoal, filosófica e simbólica. Nós procuramos a nós mesmos, construímos pontes entre o consciente (matéria) e o inconsciente (transmutação). A alquimia não é mais uma ciência, mas um exercício espiritual que pode nos ajudar a ver as coisas ocultas.